terça-feira, 15 de maio de 2012

Falando em Palavras.

Sinto que a palavra me devora, toda vez que olho essa mesma folha estranha, tão velha conhecida, nem me pertence e nem a ninguém. Letra a letra cada uma em seu lugar, desencaixadas, reorganizadas.
Qual o peso de cada uma delas, o som leve, o som grave... De onde nascem as palavras? Todas elas. A palavra escolhe ser dita, resisto, é preciso ter cuidado para não espalhá-las demais ao vento, cuidado, elas são camaleões e nem sempre fazem sentido.
É nos descuidos que elas me tomam de um gole só ou em pequenas doses, mas não sem o devido zelo, elas cortam, rasgam com suas cores desconcertantes. Sinta cada uma na carne, imagine o trabalho árduo de um músico na composição de uma melodia, na violência dos sons que quebram os silêncios, na harmonia, pense também no processo consciente da escrita, da fala. Por mais consciência que se tenha, ainda assim, haverá uma força intuitiva em cada ato de fala, um ânimo passional. As palavras estão em nosso corpo, fluindo a todo tempo, e antes de nós esteve em outros e outros. Me sinto fragmentada e reconheço em cada palavra as marcas de uma continuidade que me constrói, feitos de carne, de sangue de pele e palavras, de outros, de muitos, de mim.

Luana

domingo, 13 de maio de 2012

Inaugurando

Resolvemos criar um blog com a proposta de... escrever.

Fazem 8 dias da fundação e nada ainda. E chegamos a conclusão, ou, eu cheguei a conclusão (que difícil assumir a primeira pessoa, depois que a academia me destituiu dela), que se não inaugurarmos logo isso, me sentirei tentada a excluí-lo pelo bem de minha consciência.

Não, isso não é drama. Há um interesse que me faz cautelosa com as palavras. Que parcela do que falo se materializa, que parcela do que falo se desfaz no ar? Escrever, falar requer consciência da responsabilidade da reverberação sem controle, das interpretações descontextualizadas, dos julgamentos pessoais, das formas de uso indiscriminado. Requer humildade pelo desprendimento de autoria, e requer menos paranóias da responsabilidade para que o discurso possa nascer espontâneo, livre, fluido...

Por isso, por tanta contradição detectada no discurso, que às vezes, parece que o silêncio ainda é o lugar mais confortável para se estar (e quantas vezes me refugio nele).
E antes que o silêncio se torne hegemônico e a opção mais sensata para se expressar virtualmente, vamos a nossa primeira publicação.

Lwdmila