O Brasil é o segundo país onde a maioria da população é negra, mas
nem por isso deixa de ser um país racista. Já afirmava o Professor Munanga que
dizia “o problema não está na raça, mas
no racismo que hierarquiza, desumaniza e justifica a discriminação.” Esse
racismo é difícil de ser arrancado, ele já vem enraizado desde o tempo dos
nossos avós, onde dizia que lugar de negro é na senzala, ou então, quando o
negro não “caga” na entrada “caga” na saída. Esses ditados populares podem ser
muito engraçados, porém no fundo tem seu teor de racismo.
O
negro foi explorado, descriminado, maltratado, despersonificado, tratado como
objeto, e mesmo assim resistiu. Viu seu continente ser invadido, dividido,
comercializado e ainda sim, resistiu. Foi massacrado, chamado de pagão, viu sua
crença ser desrespeitada, proibida, caluniada, ouviu que sua cor era símbolo de
inferioridade e um castigo divino e mesmo assim persistiu. Trabalhou duro,
horas a fio, num sol escaldante, caldeiras ferventes, mineração, moinhos de
cana e mesmo assim, continuou de pé. Cultivou sua cultura, suportou
preconceitos raciais, dor, pobreza, fome. E, sem perder a esperança, sem deixar
de lutar pela igualdade merecida, continua resistindo. Isso é de orgulhar!
O negro sempre sofreu preconceito, mas esse não conseguiu derrubar a
força que cada homem negro e mulher negra têm. No fundo, toda pessoa, mesmo
aquela que traz traços europeus, tem sangue de negro correndo em suas veias.
O que seria do Brasil sem o negro? Nada! Devemos sempre lembrar do
que hoje chamamos de cultura brasileira, como o samba, o carnaval, a capoeira,
são de origem negra. E o batuque, o coco de roda, tantos e tantos outros ritmos
que temos no nosso país e que existem hoje devido a alegria, o molejo do negro.
Diversas coisas se originaram a partir da cultura negra e ainda hoje
o negro sofre racismo?! Mas, enfim, o que seria do Brasil, do mundo, sem a
cultura negra?
E você branco, do que se orgulha?
De invadir terras alheias, de escravizar e comercializar seus
semelhantes, de coisificar o ser humano? De sugar todas as riquezas das suas
colônias e deixar seus moradores na miséria? De colocar tua religião acima de
tudo e todos, queimar, matar, torturar e censurar qualquer manifestação ou pensamento
diferente? De sempre se colocar como superior em função de suas posses? Onde
estão tuas conquistas? Onde derramastes teu suor? É muito fácil crescer com o
trabalho alheio!
É triste ver uma sociedade que se espelha em países que
historicamente e descaradamente foram (e são) o motivo do choro e do infortúnio
de milhares de almas, países que exploraram continentes e hoje, ainda explora e
aliena os seus. Triste ver a violência, o sangue derramado por séculos de
barbárie. Pior, ver se propagar esse padrão que nos serve de modelo e as
mudanças mínimas, a nível de humanidade, que foram alcançadas.
Os brancos nos ensinaram uma cultura de acumulo, exploração,
violência, preconceito e desamor, enquanto isso os negros, nos agraciaram com
os ritmos, a força, coragem e resistência, além de nos deixarem uma lição: na
África, enquanto os negros capturados pelos brancos eram mortos, torturados e
estuprados, os brancos capturados pelos negros só tinham que confessar seus
crimes detalhadamente para então receber o perdão! Esse sim é um exemplo de
humanidade!
O negro provou ao longo da historia ser forte, capaz,
revolucionário e acima de tudo humano. Agora, repense, onde está a
inferioridade da raça humana? Nos atos ou nas raças? (se é que existe raça além
da humana).
Thaís Paulino & Thamires Marques