sábado, 23 de março de 2013

Fanzine - Abrapso 2012

O fanzine abaixo foi produzido em situação de oficina em novembro de 2012 no III encontro norte-nordeste da ABRAPSO.  Com o tema: vozes guerreiras bonitas que agregam: políticas de resistência e criações. Na ocasião apresentamos duas de nossas produções sobre violência, no eixo temático - Mídia, Comunicação e Linguagem. Para acessar os resumos basta acessar os links.
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Meu nome agora não importa
Meu corpo agora indigente
Desfaz-se num soluço distante, quase ausente,
Estendido no chão, ao redor pessoas mortas.

Espalham-se rostos vazios, indiferentes
Se estendendo num círculo moribundo
Não sei se o morto sou eu, o vagabundo
Ou a multidão que se faz presente

O sangue estancado no chão
Não tiram o apetite
Do morto com a câmera na mão.

Minhas fotos estampadas, sem pudor
Reduzido, sou um número, estatística.
Do espetáculo o melhor artista.
Meu funeral desfeito em dor.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Eu mulher



E quando nasci uma voz me disse: inquieta-te e prepara pra ousar na vida, não acredite no que te dirão sobre como é ser mulher. Não, não é a fragilidade que norteia o teu caminho, sois forte, mas teu corpo não é uma rocha, és sensível. Quando comecei a compreender as palavras descobri que viver dói.
E novamente vozes ecoaram: teu corpo é somente teu! Senti as palavras vibrarem uma a uma em cada órgão. Sou agora a voz de muitas outras e também a minha, meu dia são todos os dias em que preciso lembrar um 8 de março, de lutas, de resistências. Todas as flores são bem-vindas, desde que venha acompanhada do respeito cotidiano.
Eu mulher, ainda sou vítima ao ser acusada a cada amanhecer, por quererem uma submissão que não cabe em mim, por ser exigida a estar dentro de um padrão como se todas fossemos iguais...  Fabricadas, produto de uso essencial ao prazer do outro. Somos todas mulheres e não precisamos de definições que venham em rótulos.
Agora cabe a mim rebelião, de mãos dadas com tantas outras mulheres sem nomes. Agarro-me a rostos, sorrisos, escritos e as tantas vidas revolucionárias na luta por igualdade de oportunidades, por respeito e visibilidade e acima de tudo pelo direito de ser minha, livre e sem invasões. 
Eu-mulher, Subversiva inverto a ordem ao reinventar caminhos, não caibo na sua vitrine, não sou essa dos programas de TV e se você olhar pra mim, se olhar nos meus olhos e não os meus seios, verás uma aresta do que sou e do que tantas outras também são. Concedo-me o direito de ter voz, de livremente ser uma e ser tantas, de ir à luta e não me calar.
Eu-Mulher, todos os dias, saúdo todas as companheiras que fizeram e fazem valer o dia 8 de março! 

Luana

domingo, 3 de março de 2013

QUERO SER LIVRE HOJE!


Do meu inconsciente
Vejo a Serra da Barriga.
Serra negra, terra sagrada
Serra de todos, serra pelada.
Desprendo de mim e ouço
As fortes pisadas nas folhas secas.
Será um negro cansado fugindo do branco?
Ou serei eu, fugindo do descuido humano?
Mundaú quase não te lambe, Serra!
Mundaú está morrendo.
Daqui de cima o vejo estreito,
Correndo devagar, sem forças
Com os ossos que se mostram
Sem nenhum pudor.
Cuidado Serra!
Os animais que pensam
Podem te desmatar.
Negro que lutou
para viver em liberdade.
Teus descendentes lutam para se libertar
da ganancia dos novos Senhores de Engenho.
Ô liberdade quase conquistada
Não se afasta!
Não quero a liberdade amanhã
QUERO SER LIVRE HOJE! 

Rosy Bernardo